terça-feira, 30 de novembro de 2010

Ônibus Blindado para transporte dos Sulanqueiros

(essa matéria é meramente ficcional. todos os peronagens, lugares e ideias e situações foram utilizados apenas como elementos literários)

Cansados dos constantes assaltos a ônibus de comerciantes populares (os chamados sulanqueiros), a empresa SIMBORA inaugura a sua primeira linha de blindados. Inspirados nos veículos do BOPE, os coletivos são recobertos de titânio, possuem duas metralhadoras na parte superior, lagartas de tanque de guerra e outros apetrechos secretos caso aja necessidade de passar por cima de outros veículos.
Se isso não bastar para intimidar os criminosos, os motoristas foram capacitados pelo exército para atuarem em locais de risco, tais como zonas de guerra ou tomadas ameaças hostis do mesmo nível. Ele é assessorado por mais dois funcionários que andam armados com fuzis de alto impacto e também receberam treinamento de sobrevivência no deserto e tortura para obtenção de informações que possam ser úteis para a policia na possibilidade de haver algum sobrevivente.
A iniciativa surgiu com Agenor Antero, motorista que já teve uma arma enfiada na boca que já teve de dançar a música do “todo enfiado” com uma tanga de uma passageira para divertimento dos bandidos. “Depois daquilo eu fui demitido porque não consegui chegar no horário na rodoviária. Peguei minha indenização e fiquei sem saber o que fazer da vida. Trabalho levando o povo pra sulanca há mais de trinta anos. Um dia eu estava em casa. Meu menino estava vendo aquele filme do capitão Nascimento quando eu vi o carro que eles usavam. Pensei assim ‘Agenor, dá pra tu fazer um igual, homi!’ Me ajuntei mais um sobrinho meu que é funileiro, falei com gerente, expliquei a situação. Ele riu quando eu falei a história da dança, mas liberou o dinheiro. Hoje vivo muito bem, graças a Deus”.
Os usuários passaram a utilizar do transporte (trinta por cento mais caro que o convencional) afirmam que o investimento vale a pena. “Estou muito contente com o serviço”, afirmou dona Maroneide de Jesus, sulanqueira há mais de vinte anos, que já nem lembra quantas vezes foi assaltada. “Era uma coisa certa, a gente saia de noite para fugir da fiscalização e aqueles filhos de uma cachorra sem pai vinham roubar a gente”. Os casos de abuso eram outra parte dolorosa do passado desordeiro. “Paravam o ônibus, subiam todos aqueles homens armados de tudo quanto é tipo de coisa. Aqueles homens grandes, fortes, das mãos enormes e de calça jeans cavada. Batiam na gente se a gente olhasse pra eles. Ficavam amolengano as meninas. Me amolegavam também, eu gostava, não vou mentir. Mas aí eles roubavam tudo. Só deixavam o que não valia muito. E eu ficava lá, toda molhada e sem um puto no bolso pra comprar um cigarro paraguaio que fosse. Hoje o tempo é outro, meu filho! Vendo toda a mercadoria. O que sobra de lucro eu gasto sempre com um cafuçu da voz grossa e barba, que tem a idade do meu neto, já que o traste do meu marido vive entupindo o cu de cana e dorme feito a desgraça”.
A empresa está fazendo a linha Caruaru-Recife a menos três meses. A expectativa é criar mais duas linhas até o fim do ano que vem que cortem o sertão, passando pelo polígono da maconha. Já se encontra em negociação linhas viárias que sirvam alguns dos principais trajetos das cidades do Rio de Janeiro e São Paulo.

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