quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Já nem imaginava q ano novo tivesse tanto poder ...

Nesse ano aconteceram varias coisas que eu não imaginava que pudessem acontecer: eu morar fora de casa, tirar carteira de motorista e ficar solteiro. quero só ver o que vai ser 2009. eu não espero mais nada a n ser as (boas) surpresas :)

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O mundo novo

- Mãe?
- O que foi?
- Por que tem tanta gente morrendo esses dias?
- Porque estão com medo de encarar o novo mundo.
- E é pra se preocupar?
- Depende do que você espera do mundo novo, agora passe mais um pouco dessas latas para a casamata.
- Claro, assim que terminar de montar mais esse rifle eu faço isso.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A tristeza de quem está só é não ter com quem comemorar as vitórias.
Elas morrerão com ele.
E a história vai fazer questão de esquecê-las, como se elas nem houvessem existido.
Essa é a verdade
Por isso ele publica algo. Para dizer ao mundo “estou vivo” mesmo não estando mais entre os reles mortais como nós.
Vamos torcer para que o nosso arqueólo que a vida nos der ache nossa vida interessante.

É bom estar de volta.



(modo 'olhar de safado on) vem pro pau, fia, vem :P (olhar de safado off)

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Torpdedo 1, disparar!

Ele estava no pátio quando ela chegou. Amigos em comum. Recife é um ovo. Podia ser o vinho, podia ser o fato que ela lhe chamou a atenção e queria uma forma de se aproximar. São apenas elucidações. O que importa é que estava tão de bem com a vida que resolveu arriscar. O máximo que poderia acontecer era ser ignorado e a vida seguiria seu inexorável curso.
Após confirmar alguns dados a respeito dessa moça, rasgou um pedaço (em branco) da agenda cultural que acabou servindo de apoio. Escreveu o bilhete e lhe entregou no meio da conversa que ela estava tendo com os amigos. Se ela aceitasse o papel significava que estava sento oficialmente desfiada. Tomou a dianteira e disse que a resposta da pergunta que estava lhe fazendo só poderia acontecer daqui a cinco minutos. Ele não é de brincar com esses assuntos sentimentais.
Ela leu “Torpedo é apenas cantada ou é poesia?”. Aparentemente nada intrigante. Poderia descartar e seguir sua vida nos mesmos moldes que falamos acima. Mas preferiu entrar no jogo e seguiu as regras que ele havia imposto. O desafio estava aceito. Dentro de cinco minutos, escrito no verso do papelzinho estava “Torpedo é intensão e prática. Fórmula hig tech dos amores urgentes e modernos.”. Ele procurou outro pedaço de papel na mesma agenda cultural, rasgou-o e lançou no campo de batalha dos seus olhos.
“Torpedo é para: paixões, promover as vontades ou ser presente na vida dos outros de agora por diante?”. Não acreditou que a coisa iria além daquele ponto e logo tratariam de iniciar o diálogo vis a vis. Esperou por ela tomando seu vinho e comentando com os amigos as performances dos escritores que se apresentavam na recitata.
Ela queria continuar jogando. Apareceu no meio desses comentários a respeito dos outros como alerta de e-mail novo do menssager. Soltou até barulhinho, vejam só! Ele brincou dando dois cliques na mão dela antes de pegar a resposta de seu segundo torpedo. Atrás de sua mensagem estava “Torpedo é mensagem fugas. A msg vai, as paixões ficam e enter.”
Estava tudo indo rápido demais. Talvez ela quisesse dizer que o não estava mais a fim de perder tempo no joguete. Precisava agir, pois ela não passaria daquele ponto. Partiu para a abordagem mais direta que poderia propor naquele momento. Novo pedaço de papel de agenda cultural destacado, cuidadosamente escolhido para não danificar o seu conteúdo. Entregou-lhe novo torpedo nos mesmos moldes de sua adversária. Decidiu resolver tudo de uma vez. Ela leu “Ah, então blz. Me dá teu tel, msn e orkut p/ celebrar essa rápida falta. Principalmente de tempo.”. Ele recebeu como resposta “E eu que pensava q estávamos montando um poeminha coletivo! Ha ha ha. ______________@hotmail.com”. Era o fim daquele jogo, já tinha conseguido o que queria. O que viesse depois daquilo seria lucro para alguém sem muitas pretensões.
Quando essa mensagem chegou ambos já estavam se principiando em uma conversa, que seguiu para um bar junto aos amigos. Conversaram mais próximos e acabou-se a noite com uma tentativa de beijo que não se concretizou quando estavam se despedindo. Ela falou que precisa lê-lo antes de tomar qualquer decisão nesse sentido.
Ele aceitou que ela o leia com mais profundidade. Deixou disse que iria expor o que falaram e se ela comentasse a esse respeito poderia lhe mostrar algo mais. Será que ela está disposta a mais um tiro nessa guerra ou vai assinar a rendição?
O prazo estabelecido é de duas semanas a partir desta publicação.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Burocratização

Chego à sede da SAESBRAS (Secretaria da Agencia Especial de Sistemas Brasileiros) precisamente às dez e trinta. Há pouco tempo eles conseguiram chegar à categoria de Ministério. Está na hora de cobrar favores e fazer novos negócios. Deixei meu assessor direto ajudando o meu gerente de deslocamento estacionando o carro da empreiteira. Prefiro tratar desses assuntos com Otávio com o máximo de discrição possível.
Exceto pelo coordenador de políticas de segurança e o técnico de higiene ambiental não há mais ninguém no hall da repartição que eu ja tenha visto. os outros duzentos devem ser funcionários temporários estagiários. Nenhum deles me cumprimenta, porém me acompanham com os olhos até a entrada do elevador.
Aguardo em silencio. Quando as portas metálicas abrem, entro e digo meu destino ao técnico de transporte vertical. Ele pressiona o botão e subimos ao som de um teclado tocando Beatles que está lá para despistar o barulho do pequeno ventilador de hélices azuis. Sobem e descem em andares seguintes vários técnicos em produção textual digital e alguns auxiliares administrativos direcionadores de documentação específica e pagamentos bancários. Cochicham sempre quando falam de alguém. Não dizem nomes, apenas apelidos, salas, siglas e em alguns casos raros, as funções especificas. Os superiores são o principal alvo das criticas. Parece nenhum deles merece a função adquirida tamanha a incompetência atestada por seus subalternos. As informações costumam ser confirmadas ou negadas pelo técnico de transporte vertical.
Chego ao meu andar. O aroma de café e nicotina dos corredores está em todos os ambientes que percorro. Mantém os funcionários passivos e acordados. As conversas que saem das salas são semelhantes as do elevador. O som de campanhas telefônicas é a musica do lugar. Graças ao auxilio de outro técnico terceirizado de higiene ambiental consigo chegar até a sala do superintendente designado pelo ministério.
Abro a porta de vidro de uma sala decorada com a foto do presidente, uma bromélia, carpete vermelho, luz branca, dois conjuntos de sofás para as visitas constantes e um bebedouro. Como guardiã da sala do superintendente encontra-se uma mulher por trás de um balcão. A assessora de compromissos e direcionamento pessoal despacha o técnico de reprodução de documentação e afins. Ele passa com a pilha de pastas etiquetadas pelo caminho que entrei. Em menos de cinco minutos ela já havia atendido quatorze ligações. Não repassou para o superintende nenhuma. Ele estava em uma reunião com o secretario de desenvolvimento ordinário e o assessor do primeiro ministro da Birmânia e pediu para não ser incomodado. A moça de voz cantada e com sotaque carioca anota os recados porque não há prazo para o fim da reunião. Mas deve ser em breve, pois ele embarcará ainda hoje para Brasília para outra reunião de apresentação dos resultados e avanços dos últimos cinco dias. Quando ela me percebe, abre um sorriso, liga para o seu superior, me anuncia e diz que o superintende já está me aguardando. Me indica a porta que está localizada no fim do corredor atrás dela.
O superintendente usa um gabinete do tamanho de um apartamento de beira mar. Avisto Otávio no canto da sala. Está sentando perto dos janelões. Apesar das duas cadeiras dispostas defronte ao birô do meu colega de partido, no seu colo sua estagiária aprende informática passeando pela apresentação de slides em Power Point que ele vai utilizar na reunião de Brasília. A aula deve estar muito interessante. Ela não para de rir e ele não para de brincar de bolinar o corpo da aluna. Otávio está maior do que na época da campanha. Do jeito que está vai entra na faca pela segunda vez em menos de três meses. Quando me percebem ele pede para ela procure o técnico de reprodução de documentação e afins para que ele providencie cinco copias daquela apresentação. Ela sai da sala caminhando como se estivesse em uma passarela e me dá um sorriso safado quando passa ao meu lado. Em seguida Otávio me pede para sentar numa das cadeiras localizadas a frente da sua mesa. Quando me sento ele pega o telefone e pede a sua assessora de compromissos e direcionamento pessoal encontre a gerente de serviços gerais ligados a cafeína e providencie dois cafés para o convidado dele e ele próprio. Pergunto do pessoal do partido. Ele fala de alguns, avisa dos outros possíveis candidatos que vão ser levados a aprovação na próxima convenção do partido. Fala que as alianças estão quase fechadas e sorrimos quanto ele fecha comigo para não se candidatar ao cargo. Saiu um pouco salgado, mas tiro essa diferença na próxima licitação que ele aprovar para mim na Câmara. Quando acabamos os negócios podemos nos assumir como da mesma família.
- E então Marcos, como anda o pessoal lá de casa? A tia Nita ta boa?
- A enfermeira disse que ela está ótima. Só que anda reclamando do sobrinho dela que não aparece mais. Passa lá em casa esses dias, cara.
- Acho que passo lá essa semana. E o teu filho, ta grandão, hein?
- Era até uma coisa que queria falar contigo. Ele já tem idade de arrumar um emprego para aprender o valor do trabalho. Tem como encaixar teu afilhado aqui não? Pode ser qualquer coisa. É só para aquele vagabundo ter uma desculpa para acordar antes das onze e ficar em outro lugar que não seja no bar ou na praia.
- Fechado. Amanhã ele assume o cargo de Gerente Regional de Políticas Auxiliares. Vou dar um salário de cinco mil para ele ok?
- Otávio, o menino ta com vinte e poucos anos. A mãe dele vive me enchendo o saco. Ele quase não aparece na faculdade. Ele não tem o mínimo de responsabilidade. É só um empreguinho de meio período para ocupar o tempo ocioso dele. Se você der cinco mil na mão desse menino e ele não chega nem ao fim do mês de tanto pó. Já me basta o que tive de gastar naquele caso do mendigo.
- Ah sim. Então coloco ele como assessor técnico de fiscal de obras. Três mil de salário, mais vale alimentação e uma cota de passagem de quinhentos reais. Ele só aparece aqui para assinar o ponto e fica aqui me ajudando em qualquer coisa. Tá bom pra você?
- Acho que você não está entendendo Otávio. É para ser um empreguinho simples. Coisa de salário mínimo...
- Ah, aí já não é comigo. Emprego de salário mínimo só se for via concurso público.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O amor verdadeiro é inesquecivel, mesmo em tempos de guerra.

O Santa Cruz vive uma das piores fazes de sua vida. Quarta divisão, o maior adversário quase conquistando a Copa do Brasil e a quantidade de mulher que está se assumindo rubro-negra não esta no gibi. Enfim, são tempos mizeráveis para ele e para mim. Contudo eu acredito na mudança. Essa é uma caracteristica de meu signo, que acaba se alastrando para todo brasileiro. Será que todo brasileito tem alguma casa zodiacal em libra? só assim para justificar tanta esperança.

sábado, 1 de agosto de 2009

Do ato de dormir

O ser humano, apesar de negar, é um ser hedonista por natureza. Para isso nós trabalhamos além da conta, enfrentamos o mundo e conquistamos uns aos outros. Dentre os tantos prazeres os principais devem ser comer, beber, excretar, transar e dormir. A este último resolvo tratar umas duas ou três linhas a respeito.
Confesso já ter dormido no chão, em colos confortáveis, no meio de um show, no ônibus acordando a cada parada e em tantos outros buracos que você não vai ficar feliz em saber, mas que deixariam qualquer faquir cheio de inveja.
Para dormir bem é preciso grande preparação. Ao longo do dia faça muito para ter direito ao sono dos justos. Aqueles que não deixaram o dia passar em branco usufruirão de uma cama que será a visão do paraíso sobre a terra. Quem trabalha duro sabe dar valor ao soninho, soneca e da dormida de noite inteira sem despertar sequer uma vez.
Há casos de pessoas capazes de desfocar todo o quarto vendo apenas, entre nuvens e anjinhos, seu reluzente e aconchegante ninho.
Como todo prazer, é preciso preparar o ambiente para usufruí-lo nos seus mais altos níveis. Antes de dormir tranque bem as portas e janelas e deixe tudo que te aflige longe do seu quarto. Em seguida bata bem o lençol, a fronha e o cobertor para tirar todo o ácaro e poeira depositados ali ao longo do dia. Forre bem esticado o lençol, prendendo firme suas bordas embaixo do colchão. Para que esse universo de prazer não seja mal aproveitado, tomar um bom banho do tipo “tirar a mazela do dia” precisa ser providenciado a fim de garantir a higiene e o conforto. De tempos em tempos é conveniente deixar seu colchão tomando sol. Com essas providencias tomadas as eventuais coceiras podem ser deixadas de lado.
Um clima mais confortável e aconchegante pode ser alcançado com a queima de incensos, mas nada muito forte ou doce. As paredes devem ser brancas, azuis ou verdes para transmitir a tranqüilidade e estimular a criatividade onírica. Evite sempre que puder o vermelho e amarelo, pois essas cores esquentam o ambiente. Ah quem diga que a trindade perfeita para uma noite de sono excelente é feita com um bom vinho, seguida por um bom fumo e um bom sexo. Acrescento aqui cafuné e massagens nos pés. Acho que deveríamos instituir o dia internacional de dormir de conchinha.
O sono é um ser hesitante, assusta-se fácil com movimentos bruscos. Quando deitar, cubra-se com seu lençol mais aconchegante, ligue o ventilador ou aparelho de ar-condicionado e foque-se no seu som uniforme para abstrair dos outros todos que a noite nos arruma para encher o saco e espantar o sono. Então espere o João pestana assoprar a poeira nos seus olhos. Enquanto ele não chega conte carneirinhos ou bicho do nível, entretenha-se lendo uma leitura fácil, ou se inxira para a sua companhia de cama. Caso não tenha uma não se acanhe de usar suas mãos em beneficio próprio.
Ainda hoje acredito que uma das melhores sensações que tenho na vida acontece quando acordo as cinco da manha, com uma forte chuva batendo na janela, um frio danado pairando no ar e eu lembro que não preciso acordar naquela hora porque não vou trabalhar naquele dia. Então, cubro-me com meu lençol quentinho, ajeito o meu travesseiro, se estiver acompanhado providencio um novo encaixe confortável, fecho os olhos e vou brincar de tudo que é bom no meu mundo dos sonhos. Isso não dura nem dez segundos, mas sempre que preciso de uma emoção boa isso é uma das primeiras coisas que me vem à mente.

Bons sonhos.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Starman Volume 1

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Starman é mais do que um herói. É um legado. E é esse legado que é ameaçado no primeiro arco de histórias por um antigo inimigo do passado. Em meio a isso conhecemos Jack Knight, filho mais novo de Ted Knight, o Starman original. Jack é um comerciante de antiguidades e colecionáveis que subitamente é arrastado para o legado dos Starmen.

Starman não é novidade no Brasil, mas no formato e qualidade que a Panini oferece sim. Este lançamento da Panini Books reúne as nove primeiras edições de Starman, recheado de extras interessantes, capa dura e papel de qualidade.

Mesmo com o luxo um tanto exagerado, creio que Starman vale o esforço. Tanto para fãs de super heróis quanto para de quadrinhos em geral, Starman é uma boa pedida. Sua história começa pelo surgimento do herói, todas as suas dificuldades em aceitar e continuar no papel e progride para a sua maturidade.

O tempo foi generoso com a série. Originalmente publicada em 1995, não tem aquela sensação de ingenuidade e imaturidade que acompanha leituras de séries da mesma época. E em um período que se trabalhava mais imagens ao invés do texto, temos um gibi digno de produção da Vertigo: texto em conjunto com a arte casando perfeitamente com a proposta mais madura, mas sem sair (muito) da proposta dos super heróis. Tudo obra de James Robinson, criador da série.

É preciso notar que a arte de Tony Harris dá o clima certo à história. Sua arte é expressiva em momentos tranquilos e tensos, e mesmo a disposição dos quadros ajuda nisso. Particularmente a história fechada contando o passado do vilão Sombra mostra desenhos mais sombrios e a participação de um escritor famoso. Nas demais histórias (além do arco inicial em 4 partes, duas histórias fechadas e uma em duas partes), a arte de Harris segue o mesmo padrão, porém diferente das histórias mais recentes dele, mantendo a qualidade, claro!

Histórias de primeiríssima qualidade, lançadas originalmente no lamaçal dos comics que foram os anos 90 (principalmente ao fim da década). Assim como Hitman, Starman já foi publicado pela Magnum Force e a Metal Pesado/ Brainstorm/ Tudo em Quadrinhos, mas nunca foi finalizada. Na verdade só lembro Starman ter sido publicada uma história por edição pela Magnum e em edições esparsas pela outra (em especiais e na revista Dark Heroes) e ainda um especial reunindo as quatro primeiras histórias. Esta edição é tão luxuosa quanto os encadernados de Sandman da Conrad, por isso uma ótima aquisição, valendo cada centavo.

Nota 10.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Aaaaai, papai...

O gibi do X-Factor número 45 que saiu lá nos EUA mostrou o que todo mundo que lia aquela joça de X-Force nos anos 90 suspeitava: que o Rictor, um mutante com poderes de terremoto, e Shatterstar, um guerreiro do mundo de Mojo que é filho da Cristal com Longshot (não sei se isso foi alterado e nem interessa) são viados!

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Quando pensei nisso, depois de um tempo, lembrei de um gibi que comprei quando moleque, na verdade o primeiro gibi de X-Men que comprei na vida: X-Men número 95 da Editora Abril. Além da ótima história, surpreendentemente escrita pelo Fabian Nicieza e por um Mike McKone muito do nojentinho, dos X-Men caçando o Dentes de Sabre, tinha também uma história do X-Force escrita pelo mesmo Nicieza e desenhada por Matt Broome que "dão a entender" certos motivos dos dois mutuninhas. Por isso, vamos fazer um verdadeiro estudo de caso com algumas páginas que fazem todo o sentido do mundo agora!

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Essa página foi feita para enganar o trouxa. Para disfarçar. Depois que Sam Guthrie, o Míssil, despediu-se de Dinamite para ir com Roberto da Costa, o Mancha Solar, sei lá para onde, Rictor aparece todo homão dizendo que Sam devia ter dado uma bitoca na Dinamite e o faz. Mesmo assim o cara fica chupando dedo porque Dinamite ama o Sam. Talvez esse seja todo o motivo de Rictor buscar carinho no colo do Shatterstar: UM AMOR NÃO CORRESPONDIDO!

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Agora vejam QUEM o Rictor vai ver depois disso...

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Siiiiimmmm! O seu consolo, o Shatterstar! Fazendo exercício com duas espadas (uia) numa "tauba" com uma malhinha de fazer inveja na aeróbica da minha prima. Hummmm, que delícia! E isso não é tudo, vejam o que o Rictor solta para a coitada da Feral no primeiro quadro quando ela o flagra olhando o Shatterstar:

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Ele diz "Vai por mim, menina! Se quiser alguma coisa... ...agarre logo!" Aaaaai, papai. O que será que ele quis dizer com isso? Depois Rictor sai e deixa o Shatterstar fazendo seus exercícios de balé segurando duas varas, e o que ocorre a seguir se não é revelador, eu não sei mais o que é:

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Siiiiimmmm! Ele recusa a ruiva tesudissíma Syrin que estava ainda por cima BÊBADA e vai embora sem mais nem menos deixando a gata inconsolada! Eu acho que essa fanta é uva!

No final, temos uma "troca de carícias" entre os dois bofes, pois como são muito másculos e viris se estranham na tapa para depois resolver na cama! Uma típica briga de quem fica com o controle remoto da TV. É um casal que tem muito ainda o que aprender. No quadro da página seguinte o Shatterstar ainda tenta acalmar o seu homem que está irritado, suplicando compreensivamente "Qual o problema? Fala!". Vamos lá, Ric, não esconda seus sentimentos! Nesse mesmo quadro ainda há uma troca de farpas entre Ric e a bicha velha-mor do Cable! Não o chame de "Júlio", Cable. Só a mamãe chama ele assim...

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Espero que se divirtam tanto quanto me diverti ao ver um colecionador de gibis descobrir que aquelas histórias xexelentas ganharam um significado maior. Mesmo que seja só para fazer piada!

A edição original dessas páginas foi a X-Force número 26, primeira série. Infelizmente não consegui escanear meu gibi, mas peguei a capa na net e umas páginas escaneadas de uma edição em espanhol. As partes citadas não são traduções livres, mas trechos retirados diretamente da edição em português.

Diego Rodrigues

domingo, 5 de julho de 2009

como as pessoas são

Nada de contos hoje. Este é o primeiro post sobre “como as pessoas são”... porque as pessoas são muito pessoas, e quem anda de ônibus sabe disso.

Eu voltava do trabalho, com febre. Estou com uma gripe violenta, não é a do porco, mas poderia ser a do javali.

Sentei junto à janela. Eu e meu nariz entupido. O ônibus estava vazio, mas sabe que alegria de pobre dura pouco, e num determinado ponto sobem duzentas mil pessoas... quase todas as cadeiras já estavam ocupadas quando avistei uma mulher com uma criança passando pela borboleta. Fiz um pensamento positivo para que ela não sentasse ao meu lado, mas foi mais forte a Lei de Murphy.

Ela sentou ao meu lado e o pirralho foi logo apoiando os pés na minha perna. Não olhei para eles. Não queria ser obrigada a rir educadamente pra o pirralho que invadia meu espaço.

A viagem começa. Num dado momento o pirralho pega a frauda da chupeta e começa a bater no meu rosto. Eu não olho. Não quero socializar. Não satisfeito ele avança no meu braço, que eu instintivamente puxo, o que irrita profundamente a mãe do menino. Ela se balança, começa dos ombros até a cintura. Passa a palma da mão nos cabelos e coloca o Chanel pra trás dizendo “mai eu num to dizeno”

Percebo que ela ficou irritada. Mas nem olho. Definitivamente não quero socializar. Só consigo pensar em comprimidos e na minha cama.

O caminho segue, e quando estamos presos num engarrafamento o menino avança no meu colar. A mãe puxa o pirralho com certa ignorância começa a chamar a atenção dele. Eu tiro o acessório da mão dele e digo que ela lave a mão da criança quando chegar em casa porque estou muito gripada. Ela procura meus olhos e quando me fita tenho certeza que estou encarando uma entidade, mas não sei se é o tranca-rua ou a pomba-gira...

Volto meus olhos novamente pra janela tentando ignorar sua raiva... Sinto seu olhar de laser queimando meus cabelos. Enquanto isso o menino passa a mão por baixo do meu braço e me belisca.

Quando desço do ônibus ela começa a berrar que eu deveria pegar um taxi ou ir pra casa de avião. Olho pra trás e vejo sua intenção clara de chamar atenção. Penso em voltar e perguntar por que se ela queria me dizer aquilo porque não o fez naqueles 40 minutos em que estive sentada ao seu lado... Sabendo que seria inútil e que a baixaria seria maior, desço. Engulo seco e desço. Acho até que ela me chamou de rapari**...

Fiquei pensando como era engraçado ela dizer que eu deveria ir de taxi porque não quis socializar com a criança, mas aturei ele chutar minha perna a viagem toda e não falei nada quando ele me beliscou. Ela se doeu toda só porque eu não socializei. As pessoas são muito pessoas mesmo.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

perdão

eu me perdoo porque mereço ser perdoado.
porque perdoei gente demais que nunca faria o mesmo por mim.
eu me perdoo por todos os erros que cometi na vida e por saber que graças a eles eu sou alguem melhor.
eu me perdoo porque não vale a pena ficar sentindo pena de si mesmo.
esse é o dia mais importante da minha vida nova.
eu prometo fazer por merecer esse perdão.
a vida precisa seguir seu curso sem culpa.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Irreversível



Se soubesse que ia ser desse jeito eu jamais teria ido lá. Entrei em sua sala e ele mal olhou para mim. Preenchia algumas fichas e assinava papeis para logo em seguida carimbá-los numa cadencia burocrática de vários anos. Sentei-me em sua frente e a sua secretária nos deixou a sós. Conversamos alguma coisa sem muita importância para ele, como eu me sentia. Então ele me levou para o fundo da sua sala. Lá havia uma ante-sala reservada. Quando lá cheguei, mandou que eu deitasse em uma cadeira que estava ali especificamente para esse fim. Queria que eu já estivesse pronta enquanto ele despachava a sua funcionária. Percebi que eu não era a única a passar por aquela experiência traumática. Ele sabia muito bem o que estava fazendo e o que queria de mim. Sozinha, tentei relaxar sem muito sucesso tamanho meu constrangimento. Ao confirmar que estávamos a sós subitamente seu comportamento desinteressado em mim mudou. O homem avançou em minha direção me imobilizando com uma força inesperada, já devidamente armado. Congelei ao perceber no que estava me metendo. Então ele começou a sua tortura. Sem perder tempo o sujeito encaixou “aquilo” no meu buraco e iniciou seus trabalhos. Por cima de mim fazia o que queria para conseguir realizar seus objetivos pouco se importando comigo. Tive medo, muito medo. Pensava nos meus pais, nos meus parentes, meus amigos e meu amor o tempo todo. O que eles iriam falar de mim? Pedia a Deus para que qualquer um pudesse me arrancar daquela sala. Mas não havia ninguém. Então, ao perceber a minha situação e opções, em pânico, gritei empurrando-o de cima de mim. Minha reação impensada o fez se afastar. Consegui atrasar um pouco o inevitável. Isso não foi nada bom. Empunhado seu instrumento ameaçadoramente, ele mandou-me ficar quieta ou aquilo tudo poderia ser muito pior. Minha coragem esvaiu-se ao som daquelas palavras. Para evitar que ele me ferisse gravemente, acabei aceitando a minha situação permitindo a conclusão violênta contra meu corpo e alma. Limpei minha mente e abstrai a respeito do que estava sendo submetida. Foram apenas mais alguns minutos de agonia, parecidas com horas intermináveis. Quando tudo acabou ele se afastou retirando-se para a sala do nosso primeiro encontro. Ainda permaneci em estado de choque sentada naquela cadeira. Não sei de onde tirei energias para sair de lá e seguir em seu caminho. Sentei-me a sua frente. Evitava olhá-lo nos olhos. Não valia a pena passar por tudo aquilo por tão pouco, pensei comigo mesma, o que a necessidade fez comigo? Estupefata, refleti a que ponto tudo tinha chegado. Então ele me entregou um daqueles papeizinhos assinados que ele dá a todos que vão lá para fazer o que eu fiz. Segurei aquilo ainda tremula e li o seu conteúdo. Tudo certo, pelo menos isso. Ele chamou a secretária e mandou que outra assumisse meu lugar. Enxotada, saí de lá jurando para mim mesma que jamais me sujeitaria aquele tipo de criatura ou poria os pés naquele antro novamente. No mesmo dia, fui à recepção e marquei outro otorrino. Não quero saber nunca mais de acumular cera no meu ouvido e ter um carniceiro daqueles para limpa-lo.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Penelope e Ulisses

Doutor, eu não consigo doutor. Aquela mulher ficou na minha cabeça e não sai. Quero comer, mas só como o que comíamos quando estávamos juntos. Não mudei um item da feira que fazia na época.
Minha casa virou um templo de adoração daquela mulher. Hoje eu vou ao banheiro e vejo a pasta de dente e não tenho coragem de apertá-la, pois a última pessoa que apertou foi Gina. Apertou o tubo da pasta pelo meio, coisa dela mesmo. Odeio quando qualquer um faz isso com a pasta, mas com ela eu não reclamei. Nunca tive coragem de pedir para que ela apertasse no final. Aquele Kolynos em cima da minha pia ficou tão bonito... Sabe quando se está perante uma deusa? Tudo tocava virava bento, mais caro que ouro. Decidi não cometer o pecado de mexer naquele tubo cuja ultima pessoa que o tocou foi ela. De tanto admirar aquilo acabei não vendo necessidade de comprar uma pasta ou escova nova. Por conta desse desatino meus dentes já não são mais os mesmos. A minha boca só tem uns cinco dentes que ainda não foram arrancados. Isso aqui é uma prótese.
E a coisa piora a medida que o tempo segue. Ninguém usa esse modelo de calça e camisa com gola desde a época que eu estava com ela. E o problema doutor, é que Gina amava homem vestido assim. Quero usar roupas de outros modelos, mas, mas... Cacete, eu não consigo. Essa roupa foi comprada na Mesbla. Quase morri do coração quando aquela loja faliu. Foi lá que ela escolheu todo o meu guarda-roupa. Da cueca de oncinha a camisa pólo listrada em diagonal, passando pela calça brim e o sapato Clark de cromo alemão. Ela me vestia feito um boneco Bob da Barbie. Gina saía me levando de arara em arara com um sorriso enorme, escolhendo o que ficava bonito em nós dois. Eu pagava sem dizer um ai. Sabia que ficava bonito quando ela dizia que eu estava bonito. Nunca tinha me achado atraente para mulher nenhuma antes. Confesso que era uma situação ridícula para um homem feito, mas se dessa forma eu poderia estar na vida dela nem me importava. Amei ser o brinquedo dela ou o que ela queria que eu fosse. Agora perco uma nota preta pedindo roupas por encomenda das fabricas que produziam aqueles modelos. De uns dias para cá surgiu o medo que ela não queira mais ficar comigo já que não sei se estou vestindo o que ela gosta atualmente. Nem sei se devo me preocupar com isso de verdade. Pode ser que ela ainda goste, não é?
Não compro um eletrodoméstico novo desde que ela saiu de casa. Mesmo com as peças saindo de linha, teimo em deixá-los em pleno funcionamento. Por isso quando a coisa apertava acabei descobrindo o restaurador que vivia dentro e mim. Então eu lixo, remendo, repinto e troco o que posso de tudo que estava perdendo o brilho ou ficando com jeito de velho. Não conte para ninguém doutor, confio na sua ética profissional. A coisa chegou ao ponto que já possuo um liquidificador com uma liga segurando o motor e a borracha da porta da geladeira só está fixa no lugar por causa da quantidade cavalar de super bonder que pus lá. Algumas vezes a coisa não tem jeito, como o dia em que chorei sem saber o que fazer quando vi que o sofá da sala deu cupim. Quando isso acontece dou espaço para o medo que ela não volte. Chego a pensar que ela me abandonou mesmo. Matei todos os cupins e arrumei a coisa toda como pude. Sigo em frente com minha vida.
Veja essa foto da época. Batemos na festa do morro. Mudei pouco não acha? Mesmo assim rezo todo dia para Nossa Senhora da Conceição para que Gina não note o que o tempo fez comigo enquanto ela estava fora. Que agora eu tenho cabelo tingido, rugas e esses pés de galinha. Para combater o corpo flácido malho todo dia, comprei cremes e o que mais inventam para essas donas ficarem novas para os maridos só para ela não se decepcionar quando me ver.
O que eu faço enquanto Gina não volta? Antigamente ficava vendo televisão esperando que toda vez que o telefone tocasse fosse ela me dizendo onde estava. Hoje em dia fiz progressos: tomo conta do meu xaxim, do cachorro (quinto cachorro da mesma raça, tamanho e cor) e ainda mantenho meu trabalho na contabilidade.
Como é no trabalho? Não é complicado. Vim aqui para provar ao senhor que ainda sei separar as coisas. Ninguém entende como eu trabalho como um louco naquela firma, mas não aceito uma promoção sequer. Mas no dia que ouvi falar que estavam querendo remover a nossa empresa para outro prédio. Melhor, mais moderno. Não aceitei. Juntei um monte de gente que já estava com saco cheio daquele trabalho e fiz um piquete. Quando soube da confusão o seu Artur (que é o presidente da firma) tratou logo de dar um despacho em tudo e meter a caneta pra cima de quem estivesse achando ruim. Mas quando se é o contador, se descobre e se esconde um monte de esqueletos dentro dos armários. Por isso o presidente veio falar comigo quando soube que era eu o chefe da greve. Além disso, ele é muito fã daquele cara, o Rockfeller, que falava “Para ficar rico você precisa de um poço de petróleo e um bom contador”. Ele tinha um respeito danado por mim. Sentei-me sozinho na frente do homem que montou aquela firma tão grande graças a minha ajuda. Não íamos falar de números, balancetes ou coisas do tipo. Ele queria saber por que eu não aceitava mudar de sala, diminuir a minha carga horária ou tirar férias. Foi a conversa mais intima que tivemos em todos esses anos. Pela segurança que ele me passou tive coragem de confessar os motivos daquela revolta. Falei: era mais fácil para Gina me achar se eu ainda estivesse no mesmo lugar. Ele segurou o queixo com a mão e revirou os olhos como se quisesse falar alguma coisa. Demorou algum tempo e perguntou se Gina era a tal menina que conheci na saída do trabalho, passou uma semana comigo e me abandonou ou era uma lenda do escritório. Eu corrigi dizendo que ela teve que sair para visitar um parente que estava passando mal naquela noite, mas não voltou ainda porque aconteceu alguma coisa que só Deus sabe, mas ela não foi embora. Acho que a parenta dela piorou e ela está lá até hoje esperando a coitada melhorar para voltar para mim. Gina sabia cuidar de uma pessoa como ninguém sabe cuidar. Não quero dar trabalho para Gina e por isso eu aguardo ela ter tempo para voltar para mim.
E não me olhe com essa cara. Eu lhe garanto, tanto quanto dois e dois são quatro que Gina não mentiu para mim um dia sequer. Ela era bonita demais para mentir para mim. Algumas vezes ela falava umas coisas que pareciam não ter sentido. Mas eu sabia que é normal falar coisas estranhas quando você ama muito uma pessoa e fica na presença dela. Por mais que digam o contrário eu sei o quanto que aquela mulher me ama, doutor.
Nunca vou ter alguém igual a ela. E por isso eu gostaria que o senhor me fizesse a gentileza de me passar esse atestado que meu patrão pediu, garantindo que posso retornar ao trabalho. O senhor não vai querer ter problemas. Já pensou se a Receita Federal descobre aqueles recibos de atendimento médico que o senhor libera para os seus pacientes descontarem o Imposto de Renda deles? Ter um contador discreto e um funcionário leal é uma raridade esses dias. Não concorda? O Prozac fica por sua conta.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Iron Maiden no Recife - Confissões de quem foi.

Ainda lembro como se fosse ontem, ou outro dia que invento coisas para compensar os lapsos de memória. Manhã de sábado de 2008, ressaca, nove da manhã. Até aí nada de anormal. O jornal me aguarda na mesa. Como sou o assinante minha mãe permite que eu seja o primeiro a abri-lo. Graças a vida fútil de intelectual que levo, sempre leio primeiro o caderno de cultura. Então lá no finalzinho do rodapé da pagina, esquecida para os olhares desatentos, estava: IRON MAIDEN VAI TOCAR NO RECIFE. Não acreditei, mas se estava no jornal tinha chance de ser verdade (pelo menos noticias desse nível de interesse). Uma das bandas que conseguia balançar minha cabeça em frente de uma caixa de som, junto aos meus amigos, viria para a maior cidade de interior do mundo.
Liguei para Diego, que me recebeu com os naturais queixumes que lhe são característicos. Quando lhe falei do show ouvi tanto palavrão do outro lado da linha que abri um sorrisão. Estávamos uma alegria só. Desde então decidimos que iríamos ao show. Como ele era meu parceiro o que foi possível eu fiz. De ligar para ele a cada vez que via alguma coisa até emprestar dinheiro para o ingresso. Ele também não me deixou na mão me passando muito material sobre a banda.
No primeiro dia de venda dos ingressos estávamos lá as oito da matina. Já havia pelo menos doze pessoas na nossa frente. Sei disso porque organizei uma ata para que as pessoas, caso precisassem, saíssem e quando voltassem seus lugares ainda estariam garantidos. O primeiro da fila, um menino de dezessete anos, chegou às cinco da manhã depois de passar a noite insone. A fila foi crescendo. Às nove horas, horário de funcionamento do shopping, o segurança nos avisou que a venda só estava programada para começar as treze. Ficamos lá mandando trabalho, escola ou qualquer coisa que manda na vida da gente para o inferno. Aquele era um momento nosso. Eu sabia que o show do Iron começava extra oficialmente naquela fila. Exceto pelo caso de um menino que tentou furar a fila enquanto eu estava fora, sendo repelido por Diego e passou a ser mais moral que todo o elenco do senhor dos anéis, não aconteceu nada de anormal naquele antro de headbangers. E o exercício de paciência teve mais um capítulo se encerrando às treze horas. Talvez pela influência da banda, ou profissionalismo da produtora (mistérios divinos) a venda de ingressos começou pontualmente no horário. Se me dissessem há dez anos atrás que teria um ingresso para um show desse eu não acreditaria. Voltei para casa contando os dias.
Na semana de véspera eu só era sorrisos. No dia do show eu estava insuportavelmente empolgado. Tudo era desculpa para tocar no assunto. Sai da escola para a cidade com a missão de comprar uma camisa da banda. É clichê eu sei, mas foda-se! Eu queria estar muito bem trajado de metaleiro, por mais pop que fosse essa cena. Penei para achar uma que me agradasse. Ou haviam acabado ou eram horríveis. Acabei caindo na camisa do álbum “fear of the dark” e passei o inicio da tarde esperando Diego chegar para irmos ao eldorado.
Chegamos às dezesseis. Nunca tinha ido ao Jokey. E mesmo enorme daquele jeito tinha muita gente. Mas a impressão que tive foi a que não foram tantas pessoas quanto eu esperava. De show de rock grande assim eu só tenho de referencia o Abril pro Rock. Andamos pelas imediações, mas nada que merecesse a nossa atenção. Todo mundo queria entrar. Encontrar outra cor que não fosse preto poderia ser um excelente passatempo. Um amigo de Diego nos convidou para um lugar no inicio da fila quilométrica. Entrar naquele lugar e saber que não tinha mais volta, dar um urro e saber que ia ver o Iron Maiden. Lembrei dos que foram no Rock in Rio. Agora era oficial: estava no show. Gastei meus créditos ligando para o máximo de gente para divulgar minha façanha. Eu estava lá!
Nem tudo era um conto de fadas. Parece que os produtores esqueceram que uma das melhores coisas de ser Headbanger é ficar muito bêbado, mesmo com pouco dinheiro. Mas é possível ficar assim, apenas vendendo Heineken, a quatro reais, latinha? Parabéns para quem conseguiu ficar assim; para quem não foi afoito e ficou bebendo lá fora ou trouxe uma garrafinha com algo mais forte e o segurança não viu.
Quando se espera meses e dias os minutos são torturantes. E se tem um show da filha de Steve Harris, a coisa é pior ainda. Nunca uma meia hora demorou tanto. E olhe que já dei muita aula em quinta série na minha vida. A menina até que poderia ser cantora, mas porque justo de metal? Aquilo é muito ruim (musicalmente falando) e sem personalidade (ficava gritando para a platéia “Are you ready, Recife?!” jurando que só porque funcionava com Bruce Dickson ia dar certo com ela). Ela deveria tentar alguma outra coisa. Sei lá, algo mais pro lado de Britney Spears, High School Musical ou simplesmente Paris Hilton. Rolou até uma briga próximo de onde eu estava durante o show dela, coisa que eu quase nunca vejo em show de rock. Mas quem recriminaria alguém por se estapiar depois de ouvir aquele lixo? Os pais deveriam pagar algumas horas de “vergonha alheia” antes de dar apoio a todo tipo de sonho que os filhos querem por para frente.
As vinte e uma horas e cinco minutos as luzes se apagaram, os telões se ascenderam e tudo mais fazia sentido. O show do Iron foi exatamente como eu esperava que fosse. Destaque para o comentário de um amigo meu de naza que afirma do alto da sua sabedoria eclética “Depois de Zezé de Camargo & Luciano, Iron Maiden é o melhor show ”. Cada uma que eu escuto... O palco não era tão fantastico quanto eu esperava. basicamente o cenário do Iron se resume a um grande painel pintado com os motivos da banda. Em laguns momentos eles mudam a pintura, mas no mais foi isso. Mesmo assim fiz alguns "oh..." admirado com os fogos e curti quando o Eddie Gigante caminhou sobre o palco. se tivessem posto um boneco gigante de olinda para eles se atracarem ia ser perfeito. Ou engraçado.
Não tive grandes surpresas no set list, mas foi muito bom cantar as musicas executadas ao vivo. Meu inglês enrrolation atuou a maior parte do tempo. Só lamento ter esquecido meu isqueiro nos momentos “Woodstok”. Ser verticalmente deficiente é trágico, mas um morrinho que encontrei lá me salvou de um desastre completo. Mesmo assim, vi grande parte do show pelos telões. O palco só conseguia assistir quando dava uns pulos ou ficava de ponta de pé.
O show acabou cedo, as vinte e três horas no máximo, com Bruce Dickson comentando conosco “Hey, Recfe. This is a frist time, hun?!”. Tudo isso para revelar que eles voltam para o Brasil em 2011, com o show do CD novo, que ainda será lançado. Dessa vez eu só vou se puder ficar na área VIP. Merece cada centavo gasto. Lembra que falei que o show era previsível? Pois é, a coisa era tanta que quando os primeiros acordes da ultima musica foram entoados todo mundo já cochichava que o show tinha chegado ao fim baseado nas apresentações que aconteceram nas outras cidades por onde a turnê passou. Por mais que o pessoal gritasse não voltaram para um segundo bis. Confesso que não sei de onde tiraria forças para isso.
Voltei para casa sem voz, mas feliz. E tudo isso é o que importa.

Quero mais e Motohead ^^

domingo, 22 de março de 2009

Domingo a noite

Não dava pra ficar em casa com aquele calor todo. O dia tinha sido uma negação. Não faturei nada. O centro morre no domingo e quem se lasca sou eu. Sinto uma dor fina na barriga. Fome. Queria comer. Queria comer alguém. Só que ninguém vai entrar pela porta desse barraco, abrir as pernas e raiar o dia trepando comigo. Estou fodido, com fome, mal pago e sem mulher. Uma secura triste. De tanto bater punheta vou terminar esfolando o pau. À noite tava muito quente. Enrolo na cama até me tocar que não vou dormir mais. Já passava das nove da noite e eu não agüentava o cheiro de suor e mijo de onde eu estava. Resolvi dar uma volta. Visto a bermuda, ponho uma camisa que não fede muito, calço a chinela e sigo pra fora. A fumaça do cigarro vai comigo. Único amigo e companheiro.
Desço a Suassuna pensando na merda que é a minha vida. Então eu vi essa menina. Tava no ponto de ônibus. Ela saiu pra ficar comigo. Me dar carinho. Morena magrinha, de bunda caída e peito chochinho, de cabelo liso. Usa vestido estampado de tecido que mulher de bacana usa na academia e estica. Ela mora lá no fim da avenida. Passeia com uma coroa de cadeira de rodas perto do lugar que eu cato papelão todo fim de tarde. Já bati punheta pra ela. Quando ela olhou e me viu, o olho preto dela no meu, parou na minha frente. Fiquei na minha falando tudo sem dizer nada. Eu amava você se você me amasse. Mas eu sou um fodido. Fodido e mal pago. Ela não saiu de lá.
Fiquei sentado na parada também, esperando o ônibus dela. Não tinha mais ninguém na parada. Perguntei se ela tinha fogo. Fez com a cabeça que não. Perguntei qual o ônibus que ela estava esperando. Qualquer um servia. Chamei ela de linda e do canto da boca dela ganhei um sorriso preso. Falei mais coisa e ela respondeu como pode. Ela me evitando, me testando, querendo dizer que eu não era macho pra ela. Isso me dava umas agonias, feito sarna. O cheiro que saída dela era bom pra cacete. Não era azedo feito meu suor. Dava vontade de apertar o pescoço dela, dar uma surra, puxar pelos cabelos e chamar tudo quanto é nome que se dá pra uma mulher que sai de casa uma hora dessas e não faz nada pra resolver o meu tesão. Ela ficava meio que de costas pra mim, olhando pros lados, sem me perder do seu campo de visão. Eu fiquei naquela de tentar alguma coisa a mais. Tirei a camisa. Só ficava pensando em como eu ia ficar com ela. Eu estava respirando forte. Passando a mão no meu corpo pra ela saber que quero ela. Abri a calça pra ela ver meu pau latejando de tão duro. Doía. Queria mostrar o que ela tava fazendo comigo. Só pensava pra onde arrastar essa nega. Lembrei que mais a frente tinha uma rua que era escura e não passava ninguém. Bastava chegar junto, falar pouco com uma voz bem grossa e puxar ela pelo braço. Pra tudo correr sem estresse era só ameaçar mostrando a mão aberta perto da cara dela se ela resolvesse fazer alguma coisa. Bastava ter coragem. Ver o momento certo pra ela não sair correndo e aí dar em merda. Tinha de dar o bote certeiro.
Então, do outro lado da rua, veio um cara. Magrinho, menor que eu, brincando com um pedaço de pau na mão feito uma espada. Tremendo cuzão. Ela atravessou a rua, falou qualquer coisa e seguiu com ele. Puta! Esperei o cigarro acabar e segui o caminho deles. Quero ver aonde eles vão. Se desse quebrava o cara e ficava com ela pra mim. Eles me viram e apressaram o passo. Atravessaram a rua e foram até o SENAC. Continuei andando sem mudar de calçada. Quando passei os dois estavam com os vigias de lá. Todo mundo em silencio esperando alguma merda. Saí andando como se não fosse comigo. Parei umas duas esquinas depois pra esperar a menina. Os quatro ficaram me olhando de longe, como se eu fosse um bicho. Ficamos nesse jogo de paciência até que eu resolvi seguir meu caminho. Andei até o dia quase raiar. Voltei pra casa. Já era segunda. Tomei água e fiquei ninando a fome. Pedindo para ela me dar o direito a ter meia horinha de sono, porque eu daria de comer a ela quando fosse trabalhar. E fiquei lá, sozinho, fodido, com fome e mal pago. Odeio domingo.

sexta-feira, 13 de março de 2009

A propaganda é a alma do negócio

Saí para beber hoje. Muita gente na mesa. Homens que gostavam de mulheres, mulheres que gostavam de homens e algo entre os dois tipos compunham o publico que resolveu comemorar a sexta-feira 13. Então um doido falou que a MISTY (Uma boate que tinha funcionado há alguns anos atrás no Recife, a primeira no segmento GLS) na festa de reinauguração, posicionaram uma câmera que ficava transmitindo diretamente para a internet. Você entrava no site da boate via tudo que estava acontecendo lá, incluindo o áudio, em tempo real.
Em determinado momento ele falou que ouviu do áudio que vinha da câmera, dita por uma voz feminina “Pô, essa boate é massa. Me agarrei com três doidinhas e já esquematizei para comer uma delas”. No minuto que ouviu o que ouviu ele falou “Espera aí que eu também vou!”. Falou que quase tomou coragem pra sair de casa naquela noite, pegar o carro e se meter em uma boate GLS.
Não sei se isso realmente aconteceu. Mas se eu tiver algum estabelecimento do tipo, no dia da inauguração, vou pagar alguma coisa para garotas falarem frases desse tipo perto do microfone da câmera. Garanto que ia lotar na estréia.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Eu sou péssimo para escrever textos

Numa sexta dessas acabamos nos encontrando, Ricardo e eu. Estávamos num shopping da cidade tomando chop. Sentamos na mesma mesa e cobranças vão e vem entre as novidades surgiu esse texto de retálho de conversas. Ricardo sugeriu o título e eu vou postá-lo porque faz tempo que não faço nada aqui.

_ Eu quero que você me ajude a decifrar ess mensagem...
_ Eu teho medo...
_ Mas, mas, mas... só o beijo?
_ O que você quer que eu responda?
_ Eu sou fútil nesse sentido.
_ Ela não é bonita.
_Ela estava toda maqueada...
(escutando e refletindo)
_Remédio pra doido é outro doido na porta.
_ A gente é fã do João do Morro.
_Quem é João do Morro?
_ Ai!
_Os três dedos da morte.
_ O "ai" vem agora.
_ Eita é, mas agora ficou o inverso do reverso do retardatário... E ninguém contribui com o texto...
_ Eu tenho feito cada coisa em cada posição...

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Insônia


Dez da noite. Perdeu o sono e olhou o relógio para ver que ainda faltava muito tempo para se livrar do pensamento. Não podia mais ficar sem dormir. Resolveu acabar com aquilo tudo. Sentou-se na cama. Fumou dois cigarros ininterruptos preparando o espírito. Com telefone no colo discou o número dela. Esperou atender. Alô? Locadora? Essa linha é sua há muito tempo? Há quanto tempo vocês inauguraram? Desculpe, liguei errado. Discou outra vez. Novamente locadora. Mudou os algarismos pelo menos três vezes. Engano em todas. Ela não mudaria o número assim de uma hora para outra na mesma semana. Muito menos por causa do fim do namoro. Seria ridículo. Qual era mesmo o telefone dela? O tempo nem passou e uma coisa que sabia de cor, feito senha de banco, sumiu sem deixar vestígios. Desde que acabou com ela não dormia direito. Justo hoje isso veio lhe tirar o sossego. Mas afinal todo mundo esquece uma vez na vida a senha do banco, certo? Devia ser o nervosismo, de mesmo contrariado, ceder aos caprichos daquela mulher só para tê-la novamente. Caçou o número pela casa. Não encontrou. Nem no celular nem na agenda que fica ao lado do telefone. A raiva da época foi tanta que destruiu tudo no ultimo dia de Shiva, junto com todas as fotos e lembranças. Dez e quinze da noite. Ligou o computador e acessou o menssager. Outro cigarro para segurar a coragem de conversar com ela quando a encontrasse. Não estava lá. Umas duas janelinhas vieram lhe falar assim que conectou. Era para saber da vida e se estava tudo confirmado para o fim de semana. Tudo certo! Mais três diálogos paralelos com os dois até perguntar aos amigos se eles tinham o telefone dela. Não tinham não. Que coisa! Passou a barra de rolagem em busca de mais alguém que tivesse alguma informação útil. Mesma conversa com os outros com resultados iguais. Uma amiga lhe passou um número. Tem certeza que é esse mesmo? Você não está me dando o número daquela menina que eu te apresentei no festival da semana passada? Esse eu já tenho. Não é o que estou procurando. Mesmo nome, pessoas diferentes. Foi o mais perto que chegou. Cansou de perder tempo. Ninguém sabia dela ali. Saiu da internet e resolveu passar no bar que iam juntos. Perguntou ao garçom se alguém com a péssima descrição que conseguiu forjar dela passou por lá esses dias. O homem fez uma cara de esforço, mas a memória não ajudou. Encontrou alguns amigos numa mesa próxima. Não a conheciam. Estranho, beberam juntos várias vezes naquele bar, como não se lembravam dela? Tomou o carro decidido a dormir bem naquela noite. Seguiu para onde ela vivia. Apesar de só aparecer naquelas bandas para ir buscá-la ou dormir ao seu lado, achou tudo diferente. As ruas, as casas, o lugar como um todo. Não encontrou o que procurava. Voltou para casa, tirou a roupa e foi para a varanda fumar outro cigarro. Gastou praticamente todo o crédito do celular ligando para os números da agenda e ninguém sabia onde ela tinha ido parar, ou mesmo quem era. Nunca se soube. Nem os próprios pais lembravam. Parou fitando o vazio que acabava no caos da paisagem. Tentando encontrar uma solução para aquela situação, qualquer possibilidade era plausível para poder dormir. Atinou que não lembrava quando tinham acabado e nem o que fizeram juntos. Nenhum momento sequer. Quando a resposta veio à tona custou a acreditar. Quem lhe fez perder o sono não existia. Ela não passava de um assombro. Algo tão presente quanto um monstro debaixo da cama. Delírio de uma mente insone. Tragou forte dessa vez por não ter percebido o quanto sua solidão tomou força. Pelo menos dormiria tranqüilo de agora por diante.