domingo, 5 de julho de 2009

como as pessoas são

Nada de contos hoje. Este é o primeiro post sobre “como as pessoas são”... porque as pessoas são muito pessoas, e quem anda de ônibus sabe disso.

Eu voltava do trabalho, com febre. Estou com uma gripe violenta, não é a do porco, mas poderia ser a do javali.

Sentei junto à janela. Eu e meu nariz entupido. O ônibus estava vazio, mas sabe que alegria de pobre dura pouco, e num determinado ponto sobem duzentas mil pessoas... quase todas as cadeiras já estavam ocupadas quando avistei uma mulher com uma criança passando pela borboleta. Fiz um pensamento positivo para que ela não sentasse ao meu lado, mas foi mais forte a Lei de Murphy.

Ela sentou ao meu lado e o pirralho foi logo apoiando os pés na minha perna. Não olhei para eles. Não queria ser obrigada a rir educadamente pra o pirralho que invadia meu espaço.

A viagem começa. Num dado momento o pirralho pega a frauda da chupeta e começa a bater no meu rosto. Eu não olho. Não quero socializar. Não satisfeito ele avança no meu braço, que eu instintivamente puxo, o que irrita profundamente a mãe do menino. Ela se balança, começa dos ombros até a cintura. Passa a palma da mão nos cabelos e coloca o Chanel pra trás dizendo “mai eu num to dizeno”

Percebo que ela ficou irritada. Mas nem olho. Definitivamente não quero socializar. Só consigo pensar em comprimidos e na minha cama.

O caminho segue, e quando estamos presos num engarrafamento o menino avança no meu colar. A mãe puxa o pirralho com certa ignorância começa a chamar a atenção dele. Eu tiro o acessório da mão dele e digo que ela lave a mão da criança quando chegar em casa porque estou muito gripada. Ela procura meus olhos e quando me fita tenho certeza que estou encarando uma entidade, mas não sei se é o tranca-rua ou a pomba-gira...

Volto meus olhos novamente pra janela tentando ignorar sua raiva... Sinto seu olhar de laser queimando meus cabelos. Enquanto isso o menino passa a mão por baixo do meu braço e me belisca.

Quando desço do ônibus ela começa a berrar que eu deveria pegar um taxi ou ir pra casa de avião. Olho pra trás e vejo sua intenção clara de chamar atenção. Penso em voltar e perguntar por que se ela queria me dizer aquilo porque não o fez naqueles 40 minutos em que estive sentada ao seu lado... Sabendo que seria inútil e que a baixaria seria maior, desço. Engulo seco e desço. Acho até que ela me chamou de rapari**...

Fiquei pensando como era engraçado ela dizer que eu deveria ir de taxi porque não quis socializar com a criança, mas aturei ele chutar minha perna a viagem toda e não falei nada quando ele me beliscou. Ela se doeu toda só porque eu não socializei. As pessoas são muito pessoas mesmo.

Um comentário:

Ricardo Wanderley disse...

veja só q coisa. esse povo só quer saber de dividir os problemas (no caso, o menino) com a gente q n tem nada haver com isso.
deixa isso pra lá e vamos continuar pegando nossos onibus e povo q se lasque :)